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19/07/2019
Gestão de Crise
“Os comunicadores precisam ser especialistas de pessoas”, afirma tenente Pedro Aihara
O tenente do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG) Pedro Aihara, especialista em prevenção de desastres e porta-voz da corporação, fechou o dia de palestras, nesta sexta-feira (19), no 11º Mutirão Brasileiro de Comunicação (Muticom 2019), que começou ontem (18) e segue domingo (21) na Cidade da Comunhão – Centro Pastoral Dom Fernando (CPDF), em Goiânia.
O militar ministrou o workshop sobre “a prática da comunicação institucional”. Expôs aos presentes, que encheram o Auditório Mãe da Igreja, a sua experiência em vários desastres, entre eles, o rompimento da barragem em Brumadinho (MG) que aconteceu no dia 25 de janeiro deste ano e resultou na morte de 241pessoas (identificados até agora).
Aihara começou sua fala questionando os presentes sobre como acontece uma situação de crise institucional. É comum em qualquer instituição acreditar que as tragédias jamais irão atingir e esse, de acordo com ele, é o principal problema. “Preparar-se para a crise é essencial para não ser pego de surpresa”, disse. Para isso, um trabalho minucioso deve ser feito: “montar equipe de crise, trilhar caminhos, prever cenários”, explicou. Ele ainda ressaltou que não basta montar o plano. “É preciso treinar como se já estivesse dentro do cenário do cenário de crise”. O tenente comentou sobre o Japão, exemplo mundial em gestão de crise. “Aquele país leva a sério os cenários de crise e os japoneses são considerados os mais preparados do mundo para desastres naturais, porque eles sabem que a qualquer hora pode acontecer um terremoto ou algo do tipo e, para isso, treinam muito, investem em solução, começando pelas lideranças e passando por toda a população”, comentou.
Com relação à tragédia de Brumadinho, o tenente argumentou que é uma situação que tem desafiado a corporação e nos ajudar a pensar sobre nosso papel de comunicadores na Igreja. “Qual nosso papel na Pastoral da Comunicação?”. Ele disse que as pessoas esperam muito do trabalho da Pascom e que, como membros da Igreja, é importante ser especialista em pessoas. “A comunicação precisa perceber histórias e contá-las. É necessário também saber se colocar no lugar do outro, pois isso gera empatia e a informação bem gerenciada pode salvar vidas. Caso contrário pode maximizar a crise”, explicou.
Posicionar-se é preciso
Qualquer instituição pode sofrer com uma crise. A Igreja também não está imune a esse problema, seja em uma paróquia, congregação ou diocese. Caso ocorra, é indispensável posicionar-se, conforme explicou Pedro Aihara. “Não se posicionar também é um posicionamento. Mas posicionar-se é um passo importante na modulação da comunicação e o não se posicionar é deixar o outro construir a posição da sua instituição e deixar a oportunidade passar de estabelecer uma conexão com o público e com os fiéis”, ressaltou.
Assim como as pessoas esperam solução e esperança na atuação do Corpo de Bombeiros, na Igreja também é depositado confiança e esperança. “A Igreja tem o papel de conectar pessoas a algo maior que é Deus e ela tem a missão também de se importar com o outro, portanto, mais do que comunicar precisamos ser especialistas em pessoas, por isso é uma obrigação para nós entender as pessoas para que a comunicação seja efetiva”, concluiu.
Após sua exposição, Aihara foi aplaudido de pé pela humanidade que apresentou em sua fala e dedicação e compromisso que fazem parte do trabalho do Corpo de Bombeiros em oferecer esperança às pessoas, sobretudo aquelas que perdem seus entes queridos.
Fúlvio Costa
Foto: Maria Eduarda Neto