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23/10/2024

Sexta-feira da 29º Semana do Tempo Comum

Minha prezada irmã, meu prezado irmão. Escutamos mais um trecho da carta de São Paulo aos Efésios. A discórdia entre os cristãos é uma ferida aberta no corpo de Cristo, que é a Igreja. O autor da carta aos Efésios destaca que a unidade é um dom do Espírito, mas requer a colaboração amorosa de cada cristão. Ele nos alerta sobre o mal da divisão e nos encoraja a manter a unidade na fé, refletindo a unidade de Deus. O apóstolo São Paulo nos exorta a viver de maneira digna da nossa vocação, que é, antes de tudo, existir em Deus.

 

A coerência entre o que se prega e o que se vive é essencial, e São Paulo, preso por causa do testemunho cristão, nos mostra que essa coerência reflete a adesão ao Evangelho. Assim como Cristo sofreu por nós, São Paulo vê seu sofrimento como parte de sua vocação, uma forma de seguir as pegadas de Jesus. Os versículos 4 a 6 soam como um hino, uma profissão de fé que talvez fosse repetida nas primeiras assembleias litúrgicas. Escute novamente: “Há um só Corpo e um só Espírito, como também é uma só a esperança à qual fostes chamados. Há um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos, que reina sobre todos, age por meio de todos e permanece em todos.”

 

Vê-se que o foco está na unidade da comunidade, que se baseia em outras unidades: a do corpo e do Espírito que o mantém unido, e a da esperança, ou seja, do futuro ao qual todos aspiram, fundada em uma única vocação que chama a todos. Essa unidade se constrói em torno do único Senhor, a quem todos aderem por meio de uma só fé e se aproximam graças ao único batismo. Esta parte tem um caráter mais litúrgico.

 

Finalmente, se chega ao único Deus e Pai, de quem partiu o plano de salvação e que continua a operar em todos o Seu plano de amor. A unidade no Espírito é central, pois o Espírito Santo, em sua essência, é unidade e amor. Quando vivemos segundo o Espírito, produzimos os frutos da unidade e da paz. A repetição da palavra “um” nos versículos 4 a 6 enfatiza a unicidade de Deus e a comunhão da Igreja. Embora todos os crentes tenham uma esperança e um batismo, a singularidade de cada pessoa é preservada, e cada um é amado e chamado pessoalmente por Deus.

 

A reflexão sobre a unidade era uma realidade concreta na Igreja primitiva, onde os cristãos “eram um só coração e uma só alma” (At 4,32). Essa unidade ainda é possível hoje, se reconhecermos a nossa natureza como criação de Deus e virmos todos ao nosso redor como irmãos e irmãs, igualmente chamados e amados por Ele. Portanto, é nossa tarefa comum agir em favor da unidade com o Senhor, com os irmãos e irmãs, com a Igreja.

 

 

+ Dom João Justino de Medeiros Silva
Arcebispo Metropolitano de Goiânia

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