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25/02/2025

TESTEMUNHO DA LUZ – DIA 6 DE MARÇO DE 2025

TESTEMUNHO DA LUZ – DIA 6 DE MARÇO DE 2025 - Palavra do Arcebispo - Arquidiocese de Goiânia

QUINTA-FEIRA APÓS CINZAS

 

Querida irmã, querido irmão. Estamos no tempo quaresmal. Hoje é quinta-feira após a celebração de cinzas. A passagem de Deuteronômio 30,15-20, primeira leitura da liturgia de hoje, situa-se na conclusão dos discursos mosaicos (isto é, discursos de Moisés) e apresenta um chamado solene à fidelidade da aliança. Moisés coloca diante do povo uma escolha fundamental: vida e bem, ou morte e mal. Essa decisão não é apenas individual, mas comunitária, com implicações para as gerações futuras.

 

O texto começa com um contraste claro: “Vê que eu hoje te proponho a vida e a felicidade, a morte e a desgraça” (v. 15). A estrutura antitética enfatiza a liberdade da escolha humana diante das consequências de seguir ou rejeitar a aliança com Deus. No contexto deuteronômico, a vida está associada à obediência à Torá, enquanto a morte decorre da infidelidade. No versículo 16, Moisés detalha o caminho da vida: “Se obedeceres aos mandamentos do Senhor teu Deus, que hoje te ordeno, amando o Senhor teu Deus, andando em seus caminhos e guardando seus mandamentos, estatutos e normas, então viverás e te multiplicarás”. A tríade amar – andar – guardar resume a espiritualidade própria dos escritos deuteronômicos. O amor a Deus não é apenas um sentimento, mas uma atitude que se manifesta na obediência e na fidelidade prática. Esse amor gera bênção e prosperidade, reafirmando a lógica da retribuição característica do Deuteronômio (cf. Dt 28).

 

O contraste aparece nos versículos seguintes: “Mas, se teu coração se desviar e não quiseres escutar, se te deixares seduzir para adorar e servir outros deuses, eu vos declaro hoje que certamente perecereis” (vv. 17-18). A idolatria é apresentada como o principal risco para Israel, pois rompe a relação de aliança com Deus. A consequência é a destruição e o exílio – um tema recorrente na teologia deuteronômica (Dt 28,64-68). A advertência tem um tom profético, pois antecipa a ruína do Reino de Israel séculos depois, com a deportação para a Assíria (722 a.C.) e para a Babilônia (586 a.C.).

 

A exortação final reforça a solenidade do momento: “Tomo hoje o céu e a terra por testemunhas contra vós: ponho diante de ti a vida e a morte, a bênção e a maldição. Escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e tua descendência” (v. 19). O chamado do céu e da terra como testemunhas evoca o caráter irrevogável da decisão. No mundo antigo, tratados e alianças eram selados com testemunhas, e aqui a criação é convocada para garantir a validade do compromisso.

 

A frase “Escolhe, pois, a vida” destaca o desejo de Deus: Ele não quer a destruição de seu povo, mas sua vida plena. No entanto, essa vida só é possível por meio da fidelidade: “Amando o Senhor teu Deus, obedecendo à sua voz e apegando-te a ele” (v. 20). A fidelidade a Deus é a chave para a permanência na terra prometida, vinculando teologia e geopolítica. O povo depende de Deus para sua estabilidade e prosperidade.

 

Deuteronômio 30,15-20 continua profundamente atual, pois nos confronta com a responsabilidade moral de nossas escolhas. No Novo Testamento, Jesus reafirma esse princípio ao ensinar que seguir a Deus significa escolher o caminho estreito da fidelidade e do amor (Mt 7,13-14). A vida cristã exige discernimento contínuo, pois somos constantemente chamados a escolher entre a vida e a morte espirituais. A decisão de seguir Cristo implica compromisso, escuta e adesão à sua palavra. Assim como Israel foi convocado a viver a aliança no cotidiano, também os cristãos são chamados a testemunhar sua fé com coerência e perseverança.

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