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21/11/2024
Sexta-feira da 33ª Semana do Tempo Comum
Minha prezada irmã, meu prezado irmão. Retomamos hoje o livro do Apocalipse de São João. Nesta breve, mas significativa passagem do Apocalipse, São João recebe a ordem de um anjo para tomar e comer um pequeno livro que está aberto. Esta ação simbólica tem profundas implicações proféticas, remetendo ao profeta Ezequiel (Ez 3,1-3), que também come um livro para que a mensagem divina seja internalizada e proclamada.
No versículo 8, São João ouve novamente a voz que lhe ordena a tomar o livro das mãos do anjo. A repetição do chamado divino reforça o caráter urgente e inevitável de sua missão profética, sendo agora convocado não apenas a receber a mensagem, mas a torná-la parte de si mesmo. No versículo 9, São João se aproxima do anjo e toma o livro. Escute novamente os versículos 8 e 9: “Aquela mesma voz do céu, que eu, João, já tinha ouvido,
tornou a falar comigo: "Vai. Pega o livrinho aberto da mão do anjo que está de pé sobre o mar e a terra". Eu fui até ao anjo e pedi que me entregasse o livrinho. Ele me falou: "Pega e come. Será amargo no estômago, mas na tua boca, será doce como mel".”
Ao ingeri-lo, ele experimenta a doçura na boca e a amargura no estômago, simbolizando o paradoxo da mensagem profética: é doce, pois é a palavra de Deus e traz a promessa de salvação, mas amarga ao revelar o julgamento e o sofrimento que acompanham o anúncio do Reino. Esse contraste reflete a tensão entre a esperança do Evangelho e a dureza dos desafios para aqueles que o proclamam.
Por fim, no versículo 11, São João recebe a ordem de profetizar novamente sobre “muitos povos, nações, línguas e reis”. Isso implica que, ao consumir o livro, São João é transformado em um canal da palavra divina, chamado a proclamar verdades que impactam não apenas Israel, mas todo o mundo. Esse envio universal indica que a mensagem apocalíptica não é restrita, mas estende-se a todos os povos, sinalizando um convite à conversão e o juízo iminente.
Em conclusão, o texto do Apocalipse hoje proclamado ilustra o compromisso profético que exige assimilação plena da palavra de Deus. A doçura e amargura da mensagem revelam o desafio da missão: proclamar o Evangelho traz esperança, mas também a responsabilidade de confrontar a injustiça e anunciar o juízo. A missão de João, que abrange todas as nações, antecipa o alcance universal da mensagem de Cristo e reforça o chamado para que a palavra divina seja anunciada com fidelidade e coragem em todas as circunstâncias.
+ Dom João Justino de Medeiros Silva
Arcebispo Metropolitano de Goiânia
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