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17/02/2025
TESTEMUNHO DA LUZ – DIA 19 DE FEVEREIRO DE 2025

QUARTA-FEIRA DA 6ª SEMANA DO TEMPO COMUM
Minha prezada irmã, meu prezado irmão. Continuamos a leitura do livro de Gênesis. O relato do dilúvio (Gn 6–9) faz parte da tradição dos chamados “primeiros ciclos” do Gênesis (Gn 1-11), que narram a origem da humanidade e sua relação com Deus. O texto mostra como Deus age com justiça diante do pecado, mas também manifesta sua misericórdia e a promessa de renovação. A narrativa de hoje focaliza o fim do dilúvio, a saída de Noé da arca e o pacto divino expresso na promessa de nunca mais destruir a terra.
A passagem começa com Noé enviando um corvo (v. 7) e uma pomba (v. 8) para avaliar se as águas haviam baixado. O corvo, um animal necrófago, não retorna, enquanto a pomba, símbolo da paz e da presença de Deus (cf. Mt 3,16), retorna trazendo um ramo de oliveira (v. 11), indicando que a terra estava reaparecendo. Esse gesto carrega forte simbolismo: a oliveira representa renovação e a esperança de um novo começo. O número de dias mencionados segue um padrão simbólico na tradição bíblica: Noé espera 40 dias (v. 6), um período frequentemente associado a provação e purificação (cf. Ex 24,18; Mt 4,2). A espera paciente de Noé revela sua confiança em Deus, que gradualmente restaura a ordem do mundo. No versículo 13, ao retirar a cobertura da arca e ver a terra seca, Noé percebe que o tempo da reconstrução havia chegado.
Após sair da arca, Noé ergue um altar e oferece um sacrifício ao Senhor (v. 20). Essa é a primeira menção de um altar na Bíblia, sugerindo que o culto a Deus faz parte do novo começo da humanidade. O termo hebraico para “holocausto” (‘olah,) indica uma oferta completamente consumida pelo fogo, simbolizando a entrega total a Deus. O Senhor, ao sentir o “odor agradável” (v. 21), estabelece uma promessa incondicional: nunca mais amaldiçoará a terra por causa do ser humano.
A menção de que “a inclinação do coração do homem é má desde a sua juventude” (v. 21) remete a Gn 6,5, mas agora Deus decide não mais responder ao pecado humano com destruição total, mas com misericórdia. O versículo 22 traz uma solene afirmação sobre a estabilidade da criação: “Enquanto durar a terra, semeadura e colheita, frio e calor, verão e inverno, dia e noite jamais cessarão”. Esse ciclo cósmico reforça a fidelidade de Deus à sua criação, garantindo a continuidade da vida e da história da humanidade.
O fim do dilúvio representa não apenas um julgamento concluído, mas uma nova oportunidade para a humanidade. A promessa divina de não mais destruir a terra ressalta a misericórdia e fidelidade de Deus, que opta por um relacionamento de aliança com a humanidade, mesmo reconhecendo sua fragilidade moral. No contexto cristão, essa aliança prefigura a nova e eterna aliança em Cristo, cuja entrega redentora substitui qualquer destruição definitiva por um caminho de salvação.
A estabilidade da criação, afirmada no versículo 22, também nos convida a refletir sobre nossa responsabilidade ecológica. Se Deus garante a continuidade da natureza, cabe ao ser humano cuidar e preservar esse dom. Dessa forma, esse trecho do Gênesis nos ensina sobre paciência, fé, gratidão e compromisso com a criação e com Deus.