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17/02/2025
TESTEMUNHO DA LUZ – DIA 20 DE FEVEREIRO DE 2025

QUINTA-FEIRA DA 6ª SEMANA DO TEMPO COMUM
Minha cara irmã, meu caro irmão. Nesta quinta feira da sexta semana do tempo comum, escutamos a leitura do capítulo 9 do Gênesis, texto que se insere na narrativa do dilúvio (Gn 6–9), apresentando o estabelecimento de uma nova ordem após a destruição causada pelo pecado da humanidade. Este trecho destaca a bênção de Deus sobre Noé e seus filhos, a renovação do mandato de domínio sobre a criação, a proibição do derramamento de sangue humano e o sinal da aliança divina: o arco-íris. A passagem enfatiza a relação entre Deus e a humanidade, a sacralidade da vida e a fidelidade divina à sua promessa de não mais destruir a terra com um dilúvio.
O texto inicia com Deus abençoando Noé e seus filhos (v. 1), repetindo a ordem dada a Adão e Eva em Gn 1,28: “Sede fecundos, multiplicai-vos e enchei a terra”. Isso marca um novo começo, como se Noé fosse um novo Adão, reiniciando a história da humanidade. Nos versículos 2-3, há uma mudança na relação entre os seres humanos e os animais. Enquanto em Gn 1,29 a alimentação era exclusivamente vegetal, agora Deus permite o consumo de carne (v. 3), mas com a restrição de não ingerir o sangue (v. 4), pois este simboliza a vida (néfesh נֶפֶשׁ).
Esse mandamento reforça a sacralidade da vida, antecipando normas mais detalhadas da Lei mosaica (cf. Lv 17,10-14). Os versículos 5-6 estabelecem a condenação do homicídio, baseada na dignidade do ser humano criado à imagem de Deus (cf. Gn 1,26-27). A punição pelo derramamento de sangue humano indica a seriedade da vida como dom divino, reforçando um princípio fundamental da justiça bíblica.
Aqui, Deus estabelece uma aliança (berit בְּרִית) não apenas com Noé e sua descendência, mas com toda a criação (v. 9-10), incluindo os animais. Essa é a primeira aliança explícita na Bíblia, caracterizada pela iniciativa unilateral de Deus, que promete nunca mais destruir a terra com um dilúvio (v. 11).
O arco (qeshet קֶשֶׁת), no versículo 13, é o sinal dessa aliança. A palavra hebraica também significa “arco de guerra”, sugerindo que Deus se “desarma” e estabelece um pacto de paz com a criação. Esse sinal cósmico recorda tanto a justiça quanto a misericórdia divina, servindo como um memorial visível da fidelidade de Deus. *** Este trecho ressalta verdades fundamentais da teologia bíblica: 1) A sacralidade da vida – O homem é criado à imagem de Deus e, por isso, o respeito à vida humana é um princípio inviolável. Esse fundamento é essencial para debates éticos sobre justiça, violência e dignidade humana. 2) O compromisso ecológico – Deus inclui os animais e toda a criação na aliança, demonstrando que o cuidado com a natureza é uma responsabilidade humana, não apenas um direito. 3) A fidelidade divina – O arco representa a misericórdia e a aliança eterna de Deus, antecipando a plenitude da aliança em Cristo (cf. Lc 22,20).
No contexto cristão, a promessa feita a Noé aponta para a aliança definitiva em Jesus Cristo, que restaura a criação e garante a salvação definitiva da humanidade. Assim, Gênesis 9,1-13 nos convida a viver com responsabilidade diante da vida, da criação e do Deus que, mesmo diante do pecado, sempre renova sua aliança com a humanidade.