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17/02/2025

TESTEMUNHO DA LUZ – DIA 21 DE FEVEREIRO DE 2025

TESTEMUNHO DA LUZ – DIA 21 DE FEVEREIRO DE 2025 - Palavra do Arcebispo - Arquidiocese de Goiânia

SEXTA-FEIRA DA 6ª SEMANA DO TEMPO COMUM

 

Minha prezada irmã, meu prezado irmão. Escutamos hoje o relato da Torre de Babel (Gn 11,1-9) texto que encerra a chamada “história primitiva” (Gn 1-11), que apresenta os fundamentos da relação entre Deus e a humanidade. O episódio ocorre após a dispersão dos descendentes de Noé (Gn 10) e antecipa a eleição de Abraão (Gn 12), marcando a transição do universalismo para a história do povo eleito. Este texto possui características da tradição Não-Sacerdotal, chamada outrora pelos estudiosos de tradição javista (J), com uma linguagem narrativa rica, antropomorfismos e uma estrutura que enfatiza a soberania divina sobre os projetos humanos.

 

O texto começa destacando que “toda a terra tinha uma só linguagem e as mesmas palavras” (v. 1). Isso sugere uma unidade cultural e comunicativa da humanidade primitiva. No entanto, essa unidade será colocada em questão não por um desejo de comunhão com Deus, mas por um projeto de autossuficiência. No versículo 3, os homens decidem fabricar tijolos e betume, indicando um avanço tecnológico. O problema não está na técnica em si, mas na intenção: construir uma cidade e uma torre “cujo topo toque os céus” (v. 4). Essa expressão simboliza o desejo humano de alcançar o divino por suas próprias forças, sem dependência de Deus. Além disso, a motivação declarada – “para que não nos dispersemos” – revela uma oposição ao mandato divino de “encher a terra” (Gn 1,28; 9,1).

 

O versículo 5 apresenta um antropomorfismo: “O Senhor desceu para ver a cidade e a torre”. A ironia é evidente: apesar de seu esforço para alcançar os céus, Deus precisa “descer” para observar a construção humana. Isso ressalta a limitação do projeto humano diante da grandeza divina. Nos versículos 6-7, Deus intervém confundindo a linguagem dos homens, impedindo a comunicação e forçando a dispersão da humanidade. A multiplicidade de linguagem é, assim, apresentada como consequência da soberba humana e como meio para que o plano divino de povoar a terra se cumpra. O versículo 9 conclui o episódio com um jogo de palavras: a cidade recebe o nome de “Babel” (Bāḇel, בָּבֶל), que soa semelhante ao verbo hebraico bālal (בָּלַל), “confundir”. Na tradição babilônica, Bāb-ilu significa “Porta de Deus”, mas, no contexto bíblico, a palavra passa a evocar desordem e divisão.

 

Este relato não é apenas uma explicação etiológica, isto é, sobre as origens ou o princípio da diversidade de linguagem, mas uma reflexão teológica sobre o orgulho humano e a necessidade de reconhecer a soberania de Deus. Três são as mensagens principais do texto: a) O perigo da autossuficiência – O desejo humano de alcançar o divino sem Deus leva à fragmentação e ao fracasso. A verdadeira comunhão e unidade só podem ser restauradas por Deus. b) A dispersão como cumprimento do plano divino – O que parece castigo é, na verdade, um meio de realizar o mandato de encher a terra, promovendo a diversidade cultural como parte do desígnio divino.

 

c) Pentecostes como reversão de Babel – Em Atos 2,1-11, a descida do Espírito Santo permite que os discípulos falem em diversas línguas, mas, ao invés de confusão, há compreensão. O Espírito Santo une o que o pecado havia separado. Assim, Gênesis 11,1-9 nos convida à humildade diante de Deus e à busca de uma unidade fundamentada não na ambição humana, mas na graça divina.

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